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Grupo de caçadores do Acre é alvo de denúncias; MPF fala em "sadismo"

Caçador compartilhou foto de onça que matou no Acre - Reprodução/MPF
Caçador compartilhou foto de onça que matou no Acre Imagem: Reprodução/MPF

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

02/07/2019 23h00

Denúncias contra um grupo de nove caçadores são analisadas pela Justiça Federal no Acre. Em três meses no ano de 2016, eles mataram, segundo a acusação do MPF (Ministério Público Federal) no estado, oito onças-pintadas, 13 capivaras, dez porcos-do-mato e dois veados.

A Procuradoria atribui ao grupo os crimes de caça de animal silvestre e de associação criminosa, além de porte ilegal de arma de fogo.

As denúncias são analisadas pelo juiz Jair Araújo Facundes, da 3ª Vara Federal de Rio Branco. Se condenados, os acusados poderão ser presos ou multados.

O MPF apresentou conversas entre os acusados, e fotos e vídeos das caçadas como provas. "O bigode veio", disse, em mensagem de áudio, um dos caçadores antes de compartilhar em um grupo no WhatsApp a foto de uma onça-pintada que acabara de matar. A espécie está ameaçada de extinção.

De acordo com a primeira das denúncias, há registro de caças ilegais praticadas por membros do grupo desde 1987. Seu integrante mais antigo, um dentista, teria matado mais de 1.000 onças pintadas nos últimos 32 anos. As defesas dos acusados já apresentam suas defesas à Justiça, que serão analisadas pelo magistrado.

Um dos acusados compartilhou foto em grupo na qual se mostra carregando a onça que matou, acompanhado dos cachorros que o ajudaram na caçada ilegal - Reprodução/MPF - Reprodução/MPF
Um dos acusados compartilhou foto em grupo na qual se mostra carregando a onça que matou, acompanhado dos cachorros que o ajudaram na caçada ilegal
Imagem: Reprodução/MPF

Dos nove denunciados, cinco respondem também por porte ilegal de arma, o que gerou uma segunda denúncia por parte do MPF. Um dos caçadores é um agente penitenciário que tinha autorização para compra de uma espingarda com cano duplo apenas para defesa pessoal. A arma foi usada para caça.

Um servidor do TJ-AC (Tribunal de Justiça do Acre) também foi flagrado portando o armamento sem permissão. "Aí a pintada deita só na fumaça kkkkkk", escreveu em um grupo no WhatsApp.

O dentista, tido como líder do grupo, é acusado de mentir ao ter solicitado à PF necessidade de portar arma por caçar como subsistência. "Assim, alterou a verdade sobre fato juridicamente relevante", disse o MPF.

O acusado sempre morou em área urbana. Para a Procuradoria, o dentista "caça animais silvestres por mero esporte ou sadismo". "[Ele] caçava de modo contumaz animais silvestres, sem autorização judicial, como hobby".

Nesta segunda denúncia, não houve andamento na análise das acusações.

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